quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ele me seguia o tempo quase todo. Eu gostava de saber que ele estava por perto, mas na dele. Porque ficava excitadíssimo a qualquer toque ou palavra mais animada e eu não precisava daquilo, realmente.
Às vezes eu parava para encará-lo. Primeiro, achei o seu rosto muito bonito, como se pintado naturalmente. Depois, vi que trazia constantemente uma tristeza, um medo irreprimível no olhar e em como a cabeça ficava sempre caída. Esse olhar vinha de baixo pra cima, como de quem sabe que é inferior.
Até que percebi que ele me observava muito, e me encarava também. Parei para olhá-lo e ele entendeu que isso era um desafio de curiosidade. Me deu um olhar incrédulo e não desviou-se de mim. Eu é que fui embora. Ele vem atrás. Por carência, por fome e por alguma coisa que eu quero descobrir.