sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Eu comprei um caderno e escrevo de verdade também. Começando em dezembro mesmo porque é o mês do meu nascimento mas isso é uma coisa que inventei agora, o caderninho anterior deixou apenas três páginas e o momento novo é o momento novo mesmo, independe obviamente de calendários. Esse paradoxo é o meu ******** (mistério de quem esqueceu a palavra)

Estou ouvindo coisas que me dizem respeito e ele me conta tudo mesmo, até quando eu não entendo e acredito que isso seja momentâneo porque sou joooooovem, ha. Começarei a persegui-lo geograficamente mesmo, sem querer, mas querendo muito, é claro. Em breve ele vai ganhar um conto que eu vou tentar escrever e fracassar como sempre...mas sei que vou ser intimada a tomar um conhaque puro e estarei com o meu nervosismo típico de quando encontro pessoas que admiro ou desejo de alguma forma. Ai. ai.

Enquanto isso, vou aproveitar enquanto é tempo. Não é assim que dizem?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Falso alarme.


(nessas horas, tenho medo de ser vazia por dentro)


Então vou receber apenas. Dia confuso demais para conseguir elaborar palavras (mas o impulso vital é bem sério).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

RESPIRAÇÃO

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Tumor
que gera
Tumor
Que guarda o ar que falta.

E tem meu amor.

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Vergonha de explodir no restaurante self-service. Não pelo lugar, mas pelo motivo.

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"(...)
Tua mão que desliza
distraidamente?
a minha mão"

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Qualquer coisa que queira me ver respirando.

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"Recuperação da adolescência

É sempre mais difícil
ancorar um navio no espaço"

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Eu quis alguém pra olhar no olho e saber mesmo se era por dentro ou por fora, como Leminski. Mas aí eu olharia e em um segundo eu me encabularia porque sim, seria por dentro, e tão dentro, que também a minha parte mais bonita e mais desconhecida estaria exposta, jogada, entregue.
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Eu entrego e asfixio o que não é meu corpo. Afinal, eu tenho apenas um metro e cinquenta de altura.


(aspas para Ana Cristina César)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009


Eu também sou:


"Os gigantes da montanha", um exercício de corporeidades

Uma companhia de atores em decadência encontra um casarão e é acolhido por seus habitantes - os 'desafortunados' - num ambiente de música e sonho.

"Os gigantes da montanha", último texto escrito por Luigi Pirandello, é a base para o exercício de encerramento da oficina Ação: a poética do corpo em cena, processo que explorou possibilidades de expansão e compreensão do corpo-voz-imaginação, num diálogo com o espaço, com o outro, com o tempo e, por fim, com o texto.

Coordenação: Paula Carrara
Assessoria Teórica: Emerson Rossini
Assessoria Musical: Ronaldo dos Santos
Assistência: Ana Luíza Caetano

Com Cláudia Sarro, Márcia Torcatto, Raíça Augusto, Raquel Zanelatto, Kéroly Gritti, Lilian Akemi, Nádia Costa, Lenir Viscovini, Diogo Cardoso, Danúbia Ivanoff, João Cruz, Paulo Vicente, Nelson Jorge, Daniel Lima, Jailson Farias.


DIAS 17 E 18 DE OUTUBRO
Sábado às 20h
Domingo às 15h

TEATRO ELIS REGINA
Av. João Firmino, 900 - Bairro Assunção - São Bernardo do Campo
tel: 4351-3479

*GRÁTIS (ingressos disponíveis uma hora antes, na bilheteria)



quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ele me seguia o tempo quase todo. Eu gostava de saber que ele estava por perto, mas na dele. Porque ficava excitadíssimo a qualquer toque ou palavra mais animada e eu não precisava daquilo, realmente.
Às vezes eu parava para encará-lo. Primeiro, achei o seu rosto muito bonito, como se pintado naturalmente. Depois, vi que trazia constantemente uma tristeza, um medo irreprimível no olhar e em como a cabeça ficava sempre caída. Esse olhar vinha de baixo pra cima, como de quem sabe que é inferior.
Até que percebi que ele me observava muito, e me encarava também. Parei para olhá-lo e ele entendeu que isso era um desafio de curiosidade. Me deu um olhar incrédulo e não desviou-se de mim. Eu é que fui embora. Ele vem atrás. Por carência, por fome e por alguma coisa que eu quero descobrir.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"Mas aí está todo o mal! Nas palavras! Todos temos dentro de nós um mundo de coisas; cada qual tem um mundo seu de coisas! E como podemos nos entender, senhor, se nas palavras que eu digo ponho o sentido e o valor das coisas como elas são dentro de mim; enquanto quem as ouve, inevitavelmente as assume com o sentido e com o valor que têm para si, do mundo assim como ele o tem dentro de si?"


Luigi Pirandello, Seis personagens à procura de um autor

sábado, 20 de junho de 2009

Ela chegava em casa com uma bomba no coração e um soluço na boca. Não sentia frio e o inverno estava muito perto.

Naquele dia, tinha entrado numa loja. Loja de letras antigas, ou pelo menos não novas. Depois ela saberia que quando entrou foi uma figura marcante. Mais marcante do que a impressão cotidiana que tinha de si mesma.

Na hora que chegou, percebeu que o rapaz atrás do balcão foi amável na recepção, mas como não estava procurando nada específico, foi então enfiando a cara nas prateleiras.

Chegou a folhear um livro que já não estava interessante, perdendo a espontaneidade numa sensação de ser observada. Ela estava na sessão de filosofia. Olhou para o lado direto e viu "Esotéricos/ Medicina alternativa". Olhou para o esquerdo e leu "Literatura alemã e francesa".

Ainda se sentindo observada, foi até a sessão das literaturas, viu alguns livros no original em francês. No fundo era só uma olhada, bem casual.

Aí achou um título que só horas depois perceberia como soava brega. Mas tinha algo de erótico nele, na contracapa, e o autor ela já tinha ouvido falar numa conversa de bar. Era pequeno e custava oito reais. Resolveu levar.

Lembrando que nesse meio tempo, o cara do balcão falou com ela três vezes: uma foi pra dizer que ela poderia deixar sua bolsa em cima de uma pequena mesa do centro, pra ficar mais à vontade. Na segunda ele levou uma pequena cadeira, para que ela pudesse se acomodar melhor, vendo a parte de baixo da prateleira. A terceira foi um comentário. "Ah, aqui os livros pegam muito pó", e disse isso limpando com a mão um dos livros, como se estivesse se desculpando pelo pó, mas ela nem tinha reparado nesse aspecto. Pensou que nenhum homem é gentil assim do nada.

Quando depois ela foi levar o livro no balcão, ele começou a comentar a morte prematura do autor. Era algo relacionado a um ferimento durante a primeira guerra mundial. Depois, ele começou, de maneira quase desarmônica, a fazer links com o seu currículo artístico pessoal.

Tanto que a chamou, naturalmente, ou querendo parecer natural, pra ir do lado dele do balcão e ver suas pinturas gravadas numa pasta do computador. Ela tinha simpatizado com ele, afinal, ele não era feio, era inteligente e falava muito bem. Além disso, uma tendência a querer o novo a motivava inconscientemente.

Eram figuras cheias de abstrações, subjetividade, planos insólitos, até surrealistas, sempre em cima de modelos nus que pousavam pra ele. A cor vermelha marcava bem principalmente os sexos. E havia pêlos pubianos, bolas caídas e pneus de barriga feminina que ela gostou.

Mas ela não estava confortável. Nem era por causa das figuras, mas pela situação. Eles estavam próximos um do outro e ela sentiu o cheiro dele e era bom. De perto, ele parecia mais velho, e era bem mais velho que ela. Tinha um olhos e um nariz que a faziam lembrar de um antigo amor platônico.

Ele era quem falava mais. Praticamente deu uma aula de arte visual pra ela. Mostrou trechos de filmes de diretores com nome difícil. As imagens era silenciosas e intensamente bonitas. Tocou-a na sua sensibilidade de começo de tarde. Ele deu pra ela um livro de fotografias de grandes estrelas do cinema do século passado, e eles olhavam as fotos e comentavam filmes e caras e bocas. Depois falaram dos apartamentos horríveis de são paulo, de insônia, travesseiros e sonhos pequenos.

Ela tinha que voltar pro trabalho, estava uns vinte minutos atrasada. O chefe já devia ter ligado, mas o celular estava esquecido em cima da sua mesa de trabalho. Ela escrevia notícias, e odiava escrever notícias. Mas enfim.

Com medo dele, não porque ele pudesse fazer algo de mal, mas de bem. Ela disse: "bom, deixa eu ir então.." e logo foi ficando sem graça, olhando pro chão, se sentindo impotente. Eles se abraçaram forte, numa intimidade que tinha nascido muito rapidamente. Aí o abraço acabou, e aí aconteceu aquela posição de eles se olharem bem de perto. Ela ficou com o rosto totalmente em brasa e tensionou os lábios.

Ele disse que tinha sido bom ter conhecido ela e foi se aproximando com a boca entreaberta. Ela virou o rosto e sentiu toda a intenção e a textura que poderia ter sido aquele beijo, se na boca. Tremeu. Se afastou. Deu um sorriso doce, se despedindo, como se nada tivesse acontecido.

Ela foi até a porta e ele foi junto. Pegou na mão dela, as mãos se apertaram, se soltaram e ela foi embora, pisando na calçada toda incomodada e excitada. Falando sozinha, em inglês, se sentindo uma personagem complicada de um filme casual que tinha visto na televisão.

A bomba no coração foi o arrependimento e o soluço foi da boca e da garganta que não conseguiam se aquietar. Depois de três dias ainda tinha soluço. Ela pensou que tinha sido cutucada naquilo que, dentro dela, mais a incitava. Querer o novo, mas ainda não o fazer. Dormiu imaginando como seria posar para ele.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aqui eu não tenho que me explicar

por isso vou postando de novo e de novo.

Larguei o Henry Miller pela segunda vez. Ele me choca e fazia tempo que eu não sentia isso ao entrar em contato com alguma coisa. Nem vendo os vídeos mais bizarros no "youtube" alternativo.

E no entanto vim escrever aqui ontem, embriagada de computador, e escrevi como ele escreve. Mas de um jeito um pouco parecido na forma só. Eu nunca pensaria em morcegos entrando no ânus de alguém.

Depois do José Costa eu volto pra ele, mesmo que ele se refira a mim como "buceta" apenas, ou tente enfiar pregos quentes no meu útero. Eu sou uma mulher de malandro pseudo-literária.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu tenho uma cabeça pesada que flutua (e daí, né?)

São 3 pras 3 da madruga e eu terminei meu trabalho. Mas continuo aqui sentada em posição de sofá vendo coisas que realmente não preciso, talvez nem me interessem tanto. Compulsão por telas e teclas, falando assim parece até mais bonito, ou menos nerd. Pelo menos é terça feira ainda e não um sábado. Aí eu poderia me sentir nerd por estar nessa situação. Se bem que ultimamente ando orgulhosa de ter tanto o que estudar e fazer, que cancelo minhas possibilidades de rua numa boa. Eu não sei o que acontece. Sei o que não acontece muito bem. Nos últimos dias, minha roupa variou só nos tipos de pijama. Fui uma dessas pessoas que, pra sair de casa, coloca um tênis, pega a carteira e tá pronto. Mas eu ganhei do meu pai no buraco e isso nunca tinha acontecido. Aí eu senti que estava progredindo na vida. Hahahahahahahaha. Pensei agora na palavra "Brainstorming" e agora na tradução "fluxo de consciência", esperei o pensamento vir pra eu digitar correndo, mas não veio nada, só a percepção de que eu estava olhando para a folha aqui do lado do computador. Acho que meu cérebro esvaziou e eu entrei no automático. Sou a torre de marfim ao contrário. Quem sabe eu comece a sujar esse espaço com minhas obrigações poéticas. Mas conto que a torre de marfim virou sangue e eu fiquei "exangue" -> palavra nova que aprendi, não é bonita? Hoje ouvi com muito gosto o BALANGANDÃS da NÁ OZZETTI e queria poder ir no pocket show dela e não ter que começar outro processo de escrita, desta vez mais chato e vago. Será que uma hora eu posso ficar louca de tantas letrinhas na minha vida? Está nascendo um terçol no meu olho, vou procurar no google pra ver se é assim que se escreve e é assim mesmo. Eu quero começar a ler o meu budapeste, porque não entendi o filme. Ele tá aqui do meu lado olhando pra mim. Zsoze kósta tá na moda! melhor que ele só o ....cacete...esqueci o nome...me joguei literalmente no chão hoje rindo desse nome e agora esqueci....panequinha...CHICO PANEQUINHA!!

domingo, 14 de junho de 2009

Começo a trabalhar


Nada como ter alguém que te ajude, através das décadas...


"O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.


A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.

A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.

A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.

A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.

A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo."

(Fernando Pessoa)


sábado, 13 de junho de 2009

3,2,1

Me inspirei em blogs por aí e no meu próprio blog antigo. Agora estou achando que sentar de pijama na frente do computador é um ato grandioso. Mas espero que não seja.

As piores coisas que já escrevi foram aquelas afetadas de ideologias e vontade de catequizar. Quando era crise dos 14 anos, tudo bem. A minha crise dos 14 anos acabou me levando para lugares interessantes. A minha catequização a partir do tesão corporal e quase produtivo também. Eu precisei ser um pouco ridícula para chegar até algumas experiências.

Hoje eu dou risada. Mas no fundo eu sempre sofro.

Em muitos lugares em que eu cheguei eu nem ando mais. Agora o processo vem totalmente contido, com uma cabeça mais equilibrada, até um jeito de falar mais equilibrado (mas só quando me controlo conscientemente para isso). No fundo acho que estou em lugar algum. Por isso vim aqui escrever. Pra fazer alguma coisa. Solitária e em paz. Apesar de eu só recorrer a esse método quando estou afobadinha.

Pensei em escrever histórias baseadas em histórias de outras épocas da minha vida. E eu de repente sou uma pessoa idosa, com saudades da juventude. Que loucura!
Eu ando ouvindo músicas mais sofisticadas e calmas. E faz muito tempo que não bebo cachaça e fico dançando com os cabelos. Ultimamente só ando bebendo cachaça. Em casa, com a família. E em pequeníssimas doses.

Não espontaneamente ando lendo muita coisa. Acho que 20% do que leio assim me toca. Algumas coisas não tocam, mas servem para alguma caída de ficha depois. O resto não toca, não serve para nada depois do papel e coloco no meio de um monte que fica em cima da minha cabeça quando eu vou dormir. Existem momentos e momentos para absorver cada coisa.
Meu quarto está revirado novamente, cheio de lembranças do ano passado. Às vezes o meu quarto é meu espaço café-com-leite. Isso é triste.

Espontaneamente li Anaïs Nin, "Delta de Vênus"- histórias eróticas- e seus diários de 1931-32. Gostei muito. Eu abri minhas pernas para ela. Agora, seguindo um mesmo fio condutor, eu comecei a ler Henry Miller, "Trópico de Câncer", o livro que ele escrevia na mesma época em que estava convivendo com a Anaïs.
Influenciada pelo teatro eu li a "Ópera do Malandro". É bom saber de onde saíram algumas músicas. Mas não levei como sugestão para montarmos. Chico Buarque é pesado demais para nossas costas.

Hoje é o dia que separei para começar a fazer meu trabalho de final de semestre. Analisar um poema. Mas não estou nem um pouco a fim. Aí vim me desinfetar aqui antes para não matar meu trabalho.
No começo, achei um horror ver alguém precisar de umas três horas para falar sobre um poema. Agora eu tenho um limite máximo de 5 laudas-páginas para escrever sobre um poema que eu escolher, dentro de oito opções. Isso me dá uma preguiiiiiiiiiça!


Essa coisa fica parecendo um texto grande. Mas é realmente muito pouco. E superficial. Mas a gente começa porque tem que começar, de qualquer jeito.
Mais uma fase ressurge pontuada com letrinhas. Já era mais do que hora.